Dexter, me ajude a te ajudar. Juro que tentei deixar minhas reclamações de lado, esquecer as centenas de furos de roteiros, ignorar o fato de que todas as temporadas repetem a mesma desgastada fórmula, mas não consegui. Até dei um jeito de apagar as sete temporadas anteriores e curtir sem muitas exigências os dois episódios iniciais da oitava temporada, mas agora não dá mais, toda minha amargura e mimimi voltaram com o fraquíssimo “What’s Eating Dexter Morgan?”.
Não tenho mais nenhuma paciência para as analogias de Dexter. Qual a necessidade daquele dramazinho com o Harrison no início do episódio senão para fazer um ANALOGIA de que ele não consegue curar a irmã? Qual a necessidade do canibal na trama senão para apenas servir como a ANALOGIA que dá nome ao episódio e para fazer a ANALOGIA de que ele consome todos que ama. Que preguiça! As analogias de Dexter, que no início da série eram até divertidamente sombrias e tinham nexo com a história, hoje não passam de um vício de uma equipe preguiçosa de roteiristas. Prefiro mil vezes os trocadilhos de Phil Dunphy em Modern Family.
Mas vamos ao episódio. MAIS UMA VEZ ele acata tudo o que é dito pelo pessoa que ele conhece há dois dias. Nunca viu a doutora na vida e já toma tudo o que ela diz como verdade. “Ela está certa. Eu sou perfeito”. E como que esse homem, teoricamente inteligente, deixa a irmã drogada e algemada sozinha com uma completa desconhecida?
E de novo Dexter vira alvo do assassino da vez por conta de uma pessoa que conhece há poucas horas. E de novo esse herói altruísta gasta quase todo seu tempo para salvar essa boa senhora que ele nunca viu na vida. E sério que ele espera salvar a irmã de seu inferno astral mostrando um vídeo pra ela?
O início do episódio (ou ele inteiro) foi extrememente chato e a cena do shopping foi, no mínimo, desnecessária. Isso pra não dizer que foi a cena perfeita pra mostrar como Michael C. Hall está num piloto automático fodido. Mas por falar em atuações, temos que bater palmas para Jennifer Carpenter, que nos últimos anos tem se especializado em tirar leite de pedra. A personagem Debra Morgan foi totalmente descaracterizada pela Showtime ao longo dos anos e só agora parecem querer explorar o sofrimento dela, coisa que deveria ter acontecido há muito tempo. É super clichê essa história de cair no vício para esquecer a realidade, mas pelo menos estão fazendo a personagem sentir na pele o inferno que sua vida virou quando descobriu o segredinho do irmão. E Jennifer Carpenter está muito bem em suas cenas. Destaque para sua risada louca quando vê o estrago que fez no poste.
E os coadjuvantes… O que eu disse antes vem se concretizando, os personagens secundários continuam desnecessários ao desenrolar da trama. As piadas do Masuka perderam totalmente o sentido e a graça, não sei o motivo da existência daquela nova detetive, Batista é um personagem morto-vivo, Harrison apareceu por dois minutos e Jamie continua sem carisma e sem função. O único que parece ter uma chande de ter histórias para interpretar é Desmond Harrington, o intérprete de Joseph Quinn.
Não sei porquê, mas Deb vem recorrendo ao ex-namorado e ele sempre se mostra disposto a ajudar. Ao que parece ainda há sentimento e é possível que eles reatem. Mas o que não consigo entender é como Quinn não liga a saída de Deb da polícia, seu afogamento em bebidas e drogas, e o fato dela estar brigada com Dexter significarem algo mais. PELO AMOR DE DEUS, esse cara investigou o Dexter na quinta temporada e viu que tinha algo errado com ele. Que má vontade é essa dos roteiristas de não ligarem uma coisa a outra? É óbvio que o inferno de Deb tem algo a ver com a morte de LaGuerta. E é óbvio que Dexter também tem sua cota no inferno da irmã, afinal de contas Deb está ignorando o adorado irmão e recorrendo ao ex pra resolver seus problemas. Por que Quinn não liga uma coisa a outra?
Me pergunto o que a Showtime tem pra contar em mais nove episódios. Por que até agora foi só chatice e um caso da temporada bem do sem graça. Se algum dia sonhei que a série daria aos fãs ao menos um final digno, bom… não tenho mais essa esperança.
Por Débora Anício